As condições das rodovias do Oeste estão tão ruins que, para sair de cidades de Chapecó será necessário ir de avião ou então voltar ao transporte a cavalo dos antigos tropeiros. O que os moradores já vinham sentindo na pele foi confirmado um estudo da Confederação Nacional do Transportes, divulgado na semana passada. A SC 283 (no trecho de Chapecó a Palmitos), a SC 480 (no trecho de Chapecó até a divisa com o RS), a SC 468 (Chapecó a São Lourenço do Oeste) e a BR 163 (São Miguel do Oeste a Dionísio Cerqueira) estão entre as piores do estado.
Além disso o acesso de Chapecó até a BR 282, está em obras e, a BR 282, que até está em boas condições, está com a duplicação parada em Xanxerê e, no restante do trecho, necessita de melhorias. Um estudo da Federação das Indústrias realizado recentemente apontou uma série de obras para melhorar a rodovia, que registra uma morte a cada três dias.
–Todas as rodovias que cortam o Grande Oeste estão saturadas- afirmou o presidente da Associação Comercial e Industrial de Chapecó, João Carlos Stakonski.
Ele afirmou que além de buracos e sinalização apagadas, algumas rodovias, como a BR 282, começam não dar conta do fluxo. Isso traz riscos à segurança dos motoristas e também prejudica o escoamento da produção. O Oeste é grande exportador agroindustrial e a produção é transportada para os portos pelas rodovias.
–A péssima situação das rodovias cria graves percalços para as agroindústrias- disse o presidente da Federação das Agroindústrias do Estado de Santa Catarina, José Zeferino Pedrozo.
-Rodovias em péssimas condições e inexistência de ferrovias e hidrovias anulam a competitividade das empresas do Oeste- complementa o presidente da Aurora Alimentos, Mário Lanznaster.
Desde o início do ano o Sindicato do Comércio Varejista de Chapecó (Sicom) está realizando reuniões com lideranças políticas e representantes do Governo do Estado, para cobrar melhoria nas rodovias e a implantação de um posto da Polícia Rodoviária Estadual em Chapecó. O prefeito de Chapecó, José Cláudio Caramori, anunciou nesta semana que o município vai doar a área de mil metros quadrados para a instalação do posto da Polícia Rodoviária Estadual
De acordo com o comandante da 7ª Companhia de Polícia Militar Rodoviária de Santa Catarina, Major Juarez Segalin, o Posto de Chapecó vai abranger a SC 480, até a divisa com o Estado do Rio Grande do Sul; a SC 283, até Seara e até o município de Águas de Chapecó; e a SC 468, até Quilombo.
Secretaria de Infraestrutura e DNIT anunciam investimentos
O secretário de Infraestrutura de Santa Catarina, Valdir Cobalchini, reconheceu as más condições de algumas rodovias do estado. Ele citou que a SC 283, entre Chapecó e Palmitos, e a SC 468, entre Chapecó e São Lourenço do Oeste, estão entre as piores. Para o secretário as fortes chuvas e a limitação de investimentos do Estado, que não tem rodovias com pedágio, contribuíram para a situação. No entanto ele anunciou que cerca de R$ 500 milhões devem ser investidos na melhoria da malha viária do Estado, nos próximos quatro anos. As obras devem iniciar em 2012.
Cerca de R$ 300 milhões devem vir de um financiamento junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que deve ser assinado até o final do ano. O restante virá de um financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), de US$ 250 milhões (cerca de R$ 450 milhões), que também deve ser assinado até o final do ano. –Metade desse dinheiro deve ir para as rodovias- disse Cobalchini. Ele afirmou que uma parte “considerável” dos recursos será para a região Oeste.
Cobalchini disse que, pela necessidade logística, que é a distância dos portos e da capital, o Oeste merece ter uma compensação de boas rodovias. E afirmou estar em contato com o Departamento Nacional de Infraestrutura do Transporte (DNIT), para mais investimentos nas BRs 282, 158 e 163.
A Assessoria de Comunicação do DNIT de Santa Catarina informou que até o final do ano devem ser licitados novos lotes do Crema 2 (Contratos de Renovação e Manutenção), para as BRs 282, 153, 163, 280 e 470, totalizando cerca de R$ 700 milhões.
O DNIT está analisando a contratação de um Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental do trecho entre Lages e Paraíso, incluindo a adequação de capacidade no trecho Xanxerê/São Miguel do Oeste. Estão em andamento projetos de duplicação nas travessias urbanas de Xanxerê e Lages, além da duplicação do acesso a Chapecó. A obra de Xanxerê está parada no momento devido a um problema de pagamento entre a empresa contratada e os trabalhadores. Além disso já está finalizado o projeto de adequação de capacidade da BR 163, que posteriormente será licitado.